quinta-feira, 5 de julho de 2007

Uma vida sem variabilidade

Parece literatura estatística, mas reflete muito bem meu cotidiano. Meus dias resumem-se à atividade acadêmica, dentro de uma pequena sala, um cubículo, no Campus Universitário da UFAM. O calor intenso do lado de fora me convida à reclusão. A academia foi um projeto que acreditei e tenho apostado, necessária para meu enriquecimento pessoal, mas não é suficiente. Preciso de densidade cultural e ideológica, interagir com pessoas diferentes e pensamentos diversos fora dos limites da universidade. Expandir meu mundo, navegar por livrarias, museus, cinema, sebos, teatro, circo e exposições. Manaus tem quase todos estes espaços, mas todos me parecem artificiais, porque não funcionam dentro da optica da diversidade. As livrarias estão com dificuldades para sobreviver numa cidade com mais de 10 universidades. Os museus são apenas entidades físicas, sem bons acervos e inoperantes na formação de artistas locais. Diferentemente dos anos pré-Zona Franca, o cinema está restrito apenas aos espaços privados, como shoppings centers, cuja programação deixa muito a desejar, com apenas uma linguagem dominante, a hollywoodiana. Espaços alternativos de cinema e audio-visual, nem pensar. Entretanto, a cada dia mais salas espetaculares de cinema são construídas, mas a programação....
Aos espaços públicos não ficou quase nada. Na UFAM a arte continua como sempre com prioridade zero, segundo as últimas campanhas para reitor. Como zero é um número que indica ausência, então ... Assim, não me resta muita escolha, a não ser procurar consolo nos espaços ao ar livre e nos virtuais...
As corridas pelas trilhas e passeios de bicicleta têm agido como bálsamo nos meus dias tristes. Nelas me encontro na solidão dos meus percursos.

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