
O mundo dos homens vive esquecido das alegrias do silêncio, da paz desfrutada na solidão necessária, até certo ponto, a uma vida humana vivida em plenitude. Nem todos os homens são chamados à vida eremítica, mas todos necessitam de certa dose de silêncio e solidão, para permitir-lhes ouvir, ao menos ocasionalmente, a voz interior profunda do seu verdadeiro “eu”. Quando essa voz não é ouvida, quando o homem não consegue atingir a paz espiritual que vem do fato de estarmos em perfeita união com o nosso ser verdadeiro, a vida se torna desgraçada e exaustiva. Pois o homem não pode por muito tempo ser feliz se não se mantém em contato com as fontes de vida espiritual, ocultas nas profundezas de sua alma. Vive-se constantemente alheio ao que em si possui de mais íntimo, exilado da própria morada interior, impossibilitado de se encontrar com a solidão espiritual, deixa de ser uma pessoa. Não vive mais como um ser humano. Nem é mesmo um animal sadio. Torna-se uma espécie de autômato; funciona sem alegria porque perdeu toda espontaneidade. Não é mais movido por dentro, mas apenas do exterior. Não toma as próprias decisões, deixa que outros o façam. Não age sobre o mundo exterior, consente que este aja sobre ele. É empurrado, atravessando a vida por meio de uma série de choques com forças externas. Sua vida não é mais a de um ser humano, mas a de uma bola de bilhar passiva, de um ser sem finalidade e sem nenhuma correspondência profunda e válida para com a realidade.
Thomas Merton(1915-1968)
Monge cristão americano e andarilho. Principais obras:
Seven storey mountain (1948)
No man is an island (1955)
Faith and violence (1968)
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