terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O ciclista

O ciclita, livro (foto) escrito por Walther Moreira Santos, ao contrário do que sugere o nome não é um manual para ciclistas e apaixonados por bicicletas. Embora possa haver uma identificação entre partes do texto e aqueles que usam a bicicleta como forma de se relacionarem harmoniosamente com a natureza e com a cidade.

O que chama atenção no livro é a forma como o autor constroi sua narrativa, misturando originalidade e imprevisibilidade para escrever um período da vida de Edgard, biólogo e revisor de livros didáticos, e sua relação com Caio, jovem modelo de sucesso internacional, que o visita com certa freqüência. O sentimento que o biólogo nutre pelo modelo é um relato tão denso e emocionante a ponto de absorver-me completamente e levar-me a refletir sobre a ternura e a compaixão. O quanto seres tão diferentes no modo de vida possam se ligar, independente do grau de parentesco que os uni, revelado sutilmente em doses homeopáticas.

O Zen-Buddhismo, um desejo do modelo não realizado em sua curta vida, é um grande legado deixado a Edgard, que o toma para mergulhar nos sentimentos humanos e contar esta estória.
Ah, e o ciclista? Bem é outra parte de Caio que Edgard encontra.

Agradeço à minha irmã Ana Sá Peixoto pelo belo presente de Natal.

3 comentários:

c disse...

Um livro para uma andarilha:

Martine Segalen,
Les Enfants d'Achille et de Nike : ethnologie de la course à pied ordinaire, coll. Claude Frère-Michelat
Métailié, « Traversées » - 1994


"Martine Segalen raconte comment la course fut de tout temps un rituel mettant en scène le groupe social et affirme qu'il en est de même aujourd'hui : "La course met en scène l'illusion démocratique, tous égaux en dossard et en short. Elle donne le pouvoir redoutable de réinvestir les lieux urbains et de retrouver des formes d'excès dont le quotidien nous prive".
Le Point
- présentation de l'éditeur.

Anônimo disse...

C,
Muito interessante, lerei. Merci.

C disse...

Esqueci-me de contar que Martine Segalen, para além de ser uma famosa antropóloga francesa, é também uma maratonista. (ou era, porque não sei se a sua idade ainda lhe permite percorrer tão longas distâncias)
Seja como for, desejo-te uma agradável leitura e fico ansiosamente esperando pelo seu comentário.