
Ligava a sala aos outros cômodos.
Infinitas vezes percorri por entre suas paredes,
e nunca lhe confisquei algum detalhe.
Só passava.
Na daquele dia, porém, ele estava lá como um corredor qualquer,
mudo, imóvel, a refletir minha tristeza,
suplicando-me por um olhar mais atento.
Caminhei lentamente, deixei minhas marcas no seu
chão empoeirado e parti.
Ainda está lá, sólido e frio,
a esperar por alguém que lhe dê forma,
e que venha impregná-lo com tintas e quadros.
Ainda está lá, a esperar por muitos outros que virão
e que deixarão rastros a engordurar suas paredes.
Continua no mesmo lugar, silencioso e estático,
cumprindo sua missão
que não é de se manifestar,
apenas de conduzir.
Neida Sá Peixoto
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