quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Foi assim que conheci Oscar



Foi em fevereiro de 1974, garota ainda, que o conheci pela primeira vez, embora já tivesse ouvido falar dele lá em casa pelo meu pai. À época, não era muito comentado na escola, tampouco não era tema proibido, mas não era muito citado com a frequência merecida.

Como obra do destino, em uma atividade escolar cheguei à Brasília para representar algumas danças folclóricas da minha terra. Não tive uma boa impressão da cidade. Era uma cidade vazia, com ruas largas e desertas, descampada, sem arborização urbana. Um imenso canteiro de obras a alimentar o vento seco e empoeirado da cidade.

De repente, entre poeiras, gritos e carros, ele surgiu na minha frente. Demorei a compreendê-lo, não entendia direito aquelas formas, olhava-o intrigada e desconfiada.

Perfilada entre colegiais, em uma bagunça coletiva, adentrei à Catedral. Silêncio total. Olhei para cima e pela primeira vez na vida, contemplei o céu dentro de uma igreja. Aquilo ali não era obra pintada como a Capela Sistina e ele não era Michelâangelo. O céu era real e resultado de um traçado inusitado das mãos de um arquiteto genial.

De volta à Manaus, minha mãe perguntou-me se havia gostado de Brasília, foi então que lhe respondi que não sabia, mas que havia gostado do OSCAR.
...
O tempo passou e tive a oportunidade de revê-lo em vários outros momentos, todos com muita emoção. Quase tive uma síncope quando avistei à distância o Museu de Arte Moderna de Niteroi (foto acima), parece que estava em um filme de 3D, aproximando-me pelo mar de uma nave espacial pousada na margem, após percorrer embevecida pelos seus espaços internos tive a sensação exata de haver contemplando ali o melhor de Oscar.

Parabéns Oscar pelos 103 anos de vida, pela referência de ser humano cujos princípios, lutas e criatividade emolduram a minha vida e de várias gerações.

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